tenho pensado muito em você ultimamente... eu sei que parece absurdo me ver falando assim, afinal não convivemos muito tempo juntos, e infelizmente você teve de partir antes que pudéssemos nos conhecer mais.
Eu não sei explicar exatamente por que, mas creio que devido aos acontecimentos iniciais desse 2012, me peguei pensando em como seria se você estivesse aqui. Mas antes de falar desenfreadamente as coisas sem sentido que ficam em meu peito, prefiro lhe dar um parecer da situação por aqui..
Meus pais agora são avós, da minha querida Valentina que pode acreditar puxou muito da característica física dos Mendonça, e estão muito felizes não só pela neta como por mim e pela minha irmã, que você não chegou a conhecer, mas tenho certeza que se chegasse brincaria com ela assim como brincava comigo.
Na minha memória tenho guardada apenas uma cena sua, mas não ache isso ruim... eu chegava com meus pais no corredor da casa da vó e você me pegava por debaixo dos braços e jogava pra cima várias vezes, ao fim me dava um pequeno balão de crepom Amarelo e Roxo e algumas figurinhas de balões sendo soltos...
Falando na vó, você mais que ninguém sabe que agora ela está junto de você por ai... tem sido difícil para suas irmãs essa fase de despedida, mas creio que elas vão superar essas tristezas, afinal a despedida vem para todos e sempre ao seu tempo... Você mesmo é uma prova disso, a nós que aqui ficamos só resta seguir em frente e buscar a felicidade que virá naturalmente da vivência do dia-a-dia...
Seus dois irmãos... o que dizer... você sabe que a maluquice faz parte na genética da família né?
Mas estão bem.. cada um a sua forma de viver... mas o que mais importa é que quando nos vemos o bom humor e as risadas são os que mais se ouvem...
Sua mais nova teve muita dificuldade de superar a sua perda, mas seguindo a linha da genética maluca está muito bem... Teve a M. Eduarda que com certeza seria um dos seus maiores xodós na família...
Uma vez ao voltar do trabalho ela estava aqui em casa e fiz com ela aquela brincadeira de jogar pra cima como você havia feito comigo... joguei ela pra cima até meus braços formigarem e ela perder o fôlego de dar risada...
Teve também um mês antes da minha bebê a Sophia, veio com muita saúde e tem todo o amor que a família principalmente a irmã mais velha pode dar...
Sua mais velha não foge ao padrão de maluquice da família, e também está bem... sempre se preocupando com todo mundo e chegando até a sofrer a mais por culpa dessa preocupação toda... mas tentar mudar isso nela seria como tentar mudar toda sua personalidade não seria possível e nem faria dela a pessoa que ela é.
Enfim...
Nunca havia ficado suficientemente claro pra mim tudo o que aconteceu com você... e esses dias por ai pedi que minha mãe me esclarecesse melhor toda a história...
O que me deixou tão pensativo e com tanta vontade de te escrever veio da mistura de uma curiosidade, com o peso emocional das palavras de minha mãe... ao relatar toda a história eu ia pensando em cada um da família e traduzindo seus sentimentos para algo que eu pudesse compreender...
mas ao final, eu me pus principalmente no seu lugar... e disse pra mim mesmo "ele nunca teria uma vida normal..."
o que é muito triste, pois por culpa de um leve elo de fraqueza toda sua vida acabou sendo como foi...
o que me leva a pensar mais ainda a respeito de quão perfeitos a vida exige que nós sejamos... basta começar com um movimento errado, para que todo um caminho de dificuldades se abra como uma trilha de dominós enfileirados.
Gostaria que você soubesse que apesar de todo o sofrimento que sua partida tenha causado, a única coisa que prevaleceu em todos foi o carinho, e a lembrança de quão bondoso, alegre, e boa pessoa você foi.
Eu sei que essa carta não fará sentido nenhum para maioria das pessoas que virão a lê-la...
mas escrever não é questão de fazer sentido para todos...
é questão de fazer sentido ao menos para quem escreveu...
com Amor,
Heitor de Mendonça Batista
3 comentários:
Porra Heitor, sua capacidade de fazer um tio chorar é absurda!!! Vai tomar no cu.(desculpe o palavrão, mas as vezes só ele consegue traduzir um sentimento).
e para quem esteve lá...
Heitor.. o que me lembro é do olhar doce daquele rosto!
Ele merece ser lembrado dessa maneira.
Bjs Maria
Simplesmente emocionate...
Sem palavras!
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