27 novembro 2012

Coração Farpado...



Moeu, socou, surrou, chacoalhou, eletrocutou...
mas não voltou a bater...
nada que fosse feito por mim mesmo seria o suficiente para revivê-lo

não morreu continua lá...
apenas não bate mais
está protegido, hostil e seguro de quaisquer sentimentos que possam ferí-lo
claro que estilhaços foram e serão deixados pra trás...
corações inocentes foram feridos por essa rigidez que foi estabelecida à procura de proteção...
lamentação é o que de melhor posso oferecer...

o corpo fechou
"aproveitador", "cafajeste", "pilantra" foram os nomes recebidos
para alguém que não desenvolve apego a ninguém
nem a mesmo...

evitando qualquer sofrimento que possa ser proporcionado por outros
ou por mim mesmo...


Lamento ...
mas o arame farpado está lá...

E é de seu risco aceitar o desafio e tentar passar por ele sem sofrer arranhões.

25 novembro 2012

Homem anônimo



Vestido nas formas poligonais,
centrado e explosivo,
Pai de anjos celestiais
Surtos e vontades em caixas nos cantos
Abatido, cansado e doído, são dias normais.

28 setembro 2012

Liberdade de Exp--------

Incrível que em ano de eleição de pleno 2012... a censura passe vitoriosa por cima da própria constituição, derrubando ao NADA a liberdade de expressão. 

Obviamente ninguém vai lutar por isso, porque numa medida generalizada, o brasileiro está mais preocupado com: uma "zoação" entre times de futebol, divulgar o fútil e o desinteressantíssimo como qualquer pessoa de aptidão nula para as artes fazendo-a mesmo assim, ou até mesmo comemorar em tom ironicamente "libertador" o fato de sua semana de trabalho ter chegado ao fim com um Urro quase irracional de "Hoje é sexta feira".


A vergonha seria uma ótima ferramenta se atingisse a todos como atinge a mim.


http://googlebrasilblog.blogspot.com.br/2012/09/youtube-no-brasil.html

13 setembro 2012

La Ballerine...


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Ela era a melhor no que fazia... com suas formas esguias, vestidas de preto... cada movimento era um toque de perfeição.
Quase não suava, era tanta concentração que o corpo abdicava de certas obrigações naturais. Quando chegava ao fim de uma cena ficava lá, sólida e travada no meio de uma forma poligonal em riste!
Até que as luzes se apagassem e pudesse correr para sua próxima marcação.

Levava toda essa seriedade para dentro de casa... intolerante às fraquezas dos outros por defender que nela não havia nenhuma fraqueza potencial a ponto de poder te derrubar.
Frieza e calculismo faziam parte da porcentagem  racional que era esmagadoramente maior dentro de suas crenças pessoais.

Conheceu um homem alguns anos mais velhos que ela... mas antes que pudesse sentir raiva, repulsa e demonstrar algum desagrado com relação a ele, se apaixonou. Ele não era o oposto dela... idêntico tampouco.

Se parecia muito com ela, tinha o mesmo potencial intelectual e carinho pelas coisas... mas não tinha a disciplina para poder exercer o máximo de si próprio, não tinha filtros sociais, explodia com facilidade, quem andava com ele poderia dizer que era como estar ao lado  de um barril de nitroglicerina dentro de um trem...
por romper essa barreiras pouco  ligava para as impressões dos outros... trazia consigo uma paixão por tudo, que nada mais era do que fogo em palha de aço... Queimava em todo seu auge com verdadeira intensidade... mas se não alimentada, partia com a mesma violência com que chegava.

Ela nunca teve chance de tentar odiá-lo... embora rompesse seus próprios códigos de conduta, seu coração explodia o tórax na ardência da brasa que queimava em seu peito.
Brasa essa que ardia continuamente, e ao contrário do rápido incêndio que acontecia com ele, demorava muito até se apagar por completo. A grossa camada de cinzas que fica por cima pode até enganar aos que olham sem atenção, mas nunca engana quem já esteve ali, e sabe que por baixo daquilo tudo existe algo.

Enquanto seu fogo ardia, ele deu tudo de si para ela, até mais do que ela aparentava corresponder. E ela deixou queimar alimentando cada vez mais tudo que havia por dentro daquela casca escura e ríspida. Ele nunca mentiu pra ela, era totalmente honesto pois sua chama queimava além dos limites de sua barreira de censura pessoal.

Ela preferia "esconder" a realidade dos seus sentimentos pois não gostava de apostar em riscos incertos. Isso fez com que a chama que nele existia diminuísse, e em uma pessoa de paixões voláteis se a chama variar já é o suficiente para haver instabilidade.

Ela  já amava.

Ele também amou.

Mas dizer que amor é o suficiente, é uma ilusão de jovens e tolos que acreditam em fadas.
Ele precisava de mais que amor... amor não inflama.
Paixão inflama, e se manter apaixonado era vital para sua existência...

Ele partiu.


Ela era a melhor no que fazia... com suas formas esguias, vestidas de preto... cada movimento era um toque de perfeição. Mas já suava.

Após conhecer todos os poros de seu corpo agora explorado.

Agora tremia ao manter uma posição fixa.

O sorriso descia no  meio de cada ato.

E ao apagarem-se as luzes ela cai e simplesmente não se levanta mais.
.

12 julho 2012

Sobre o Tempo...

O tempo é cruel demais,
em sua grande parte ele tenta nos dar lições mais difíceis do que podemos compreender.

mas o tempo não falha...

ele me aproximou do fundo do poço pra que eu soubesse o que é chegar lá... e nunca mais querer voltar para perto disso.

ele me aproximou de você ... e depois afastou... para que eu soubesse que sem você... eu não era completo...

ele me bateu em direções diversas... me fazendo olhar o passado, e como eu não tinha as habilidades para enxergá-lo...

o tempo também é feliz demais,
nos dá compreensões que apenas sozinhos somos capazes de obter...

o tempo nos traz o amor... pois sem ele... é apenas paixão...

e mesmo que antecipadamente aos 20 e poucos... o tempo sempre age no tempo certo... me trazendo a razão de viver...

o tempo é injustiçado... sempre sofre com nossas agressões e falta de compreensão momentânea...

mas calma meu amor...

o tempo ruim também passa....

e se ele existe... é porque você tem algo para aprender.


22 junho 2012

Do lado de dentro.



Uma porta entreaberta...


sempre viu o mundo por uma porta entreaberta, não estava amarrado, nem preso...
não era mantido refém, nada obrigava que ele ficasse no canto, nem que ele fosse proibido de sair.

Conhecia o mundo do lado de fora... Tudo pela metade.
Mas já conhecia o suficiente pra saber que não deveria se arriscar saindo de seu confinamento...

Observava as brigas,
intermináveis... e sem motivo algum,
mesmo sem nunca ter vivido nenhuma delas, conhecia a IRA presente nos gestos, vocábulos, expressões...

não as entendia,
Mas eu sempre lhe dizia: "Não tem problema... nós também não as entendemos... brigamos por brigar... nós somos assim..."

Temia o dia em que precisasse sair do seu confínio escuro e aconchegante,
temia porque não gostava de nós,
e temia que suas reações frente as nossas atitudes fossem julgadas inapropriadas e erradas,

Olhando pela porta entreaberta,
percebia o que nós já deixamos de analisar a muito tempo, mesmo vendo apenas metade.

me contou sobre nossa fragilidade,
e de como é fácil nos atingir, apenas descordando de algo em que acreditamos,

explicou o peso dos sentimentos,
e quão Mais verdadeiros ele se tornam quando estamos sós...

explicou que "verdadeiro" nada mais é do que a situação em que se está passando no momento....
e que dentro da nossa dificuldade de deixar os momentos passarem, acabamos nos atrelando a alguns deles e deixando-os presos dentro de nós mesmos... Talvez em algum lugar entre o centro da coluna e a boca do estômago...

Me falou também que na nossa insistência de "viver todos os momentos" acabamos perdendo a percepção do que é, e quanto vale cada um deles...

Disse algumas coisas sobre a esperança,
e de como alimentá-la era ao mesmo tempo nossa Glória e nossa Ruína,
de como perdíamos tempo depositando esperanças no impossível,
e de como deixávamos de apostar nas coisas que dariam certo e nos fariam melhores,

Da brecha de uma porta,
como quem enxerga apenas com metade de um olho fechado, foi capaz de formular idéias que seríamos incapazes de conceber... e de valores tão afastados dos nossos, que em palavras não seriam compreendidos.

Eu lhe disse:
"são sentimentos... os verdadeiros são os mais difíceis e até impossíveis de serem descritos..."

incapaz de saber sentir... ficou confuso, e se afastou ainda mais para dentro de sua própria escuridão.

foi quando compreendeu que o que andava consumindo a sí próprio era exatamente um desses sentimentos que te disse...

ANGÚSTIA...


Resolveu sair, 
e ao olhar a vida pela primeira vez numa totalidade, percebeu que não pertencia e nem tinha habilidades para lidar com ela.
...

Da última vez que falou comigo, estava muito estranho,
explicou que sair foi um erro, e que do mesmo modo que não pertencia a totalidade... também já não pertencia mais ao mundo do "entreaberto".

não tinha mais espaço para suas concepções dentro de sí próprio...
foi então que se despediu,

suas lágrimas eram negras... 
e foi observando uma delas cair no chão que o perdi de vista... e nunca mais voltei a ver
...

ele fora embora,

mas deixou algo no seu lugar,
na mesma posição
enxergando apenas a metade

tentei enxergar... mas era denso demais.

e só consegui ler:

"Coração..."

28 abril 2012


Nem sei como dizer o quanto você é especial pra mim,
por todo esse tempo juntos e tudo que agente passou...


é especial porque com você eu me sinto amado, sou necessário, e faço parte...


é especial porque algo dentro de mim grita mesmo involuntariamente Dizendo "Você precisa ajudar ela! pra que ela se sinta bem sempre!"


é especial por que me aguenta com toda minha chatisse e chega até a gostar um pouco disso tabmém...


mas é pricipalmente especial, porque me faz Amar. Tem o dom de me fazer amar... por nós faço de tudo para executar o melhor de mim no trabalho e no que Amo fazer... Com você eu aprendi a amar muitas coisas simples como ficar jogado no sofá vendo filme e comendo porcaria...
e tambem é você que me faz  TE amar como  mulher e companheira, o que só afirma cada vez mais certezas de que a nossa vida tem que ser JUNTOS.


Além de tudo veio de você o que eu tenho de mais precioso nessa vida... Você me deu o melhor presente, e nunca nada vai superar isso... e é por você e pela Valentina que tenho todas as minhas motivações, que crio todos os nossos planos e que luto todos os dias independente das dificuldades para poder ter e dar o  melhor de mim...


enfim..  Te Amo.

01 abril 2012

Carta à quem se foi...



Boa noite meu querido,

tenho pensado muito em você ultimamente... eu sei que parece absurdo me ver falando assim, afinal não convivemos muito tempo juntos, e infelizmente você teve de partir antes que pudéssemos nos conhecer mais.

Eu não sei explicar exatamente por que, mas creio que devido aos acontecimentos iniciais desse 2012, me peguei pensando em como seria se você estivesse aqui. Mas antes de falar desenfreadamente as coisas sem sentido que ficam em meu peito, prefiro lhe dar um parecer da situação por aqui..

Meus pais agora são avós, da minha querida Valentina que pode acreditar puxou muito da característica física dos Mendonça, e estão muito felizes não só pela neta como por mim e pela minha irmã, que você não chegou a conhecer, mas tenho certeza que se chegasse brincaria com ela assim como brincava comigo.
Na minha memória tenho guardada apenas uma cena sua, mas não ache isso ruim... eu chegava com meus pais no corredor da casa da e você me pegava por debaixo dos braços e jogava pra cima várias vezes, ao fim me dava um pequeno balão de crepom Amarelo e Roxo e algumas figurinhas de balões sendo soltos...

Falando na , você mais que ninguém sabe que agora ela está junto de você por ai... tem sido difícil para suas irmãs essa fase de despedida, mas creio que elas vão superar essas tristezas, afinal a despedida vem para todos e sempre ao seu tempo... Você mesmo é uma prova disso, a nós que aqui ficamos só resta seguir em frente e buscar a felicidade que virá naturalmente da vivência do dia-a-dia...

Seus dois irmãos... o que dizer... você sabe que a maluquice faz parte na genética da família ?
Mas estão bem.. cada um a sua forma de viver... mas o que mais importa é que quando nos vemos o bom humor e as risadas são os que mais se ouvem...

Sua mais nova teve muita dificuldade de superar a sua perda, mas seguindo a linha da genética maluca está muito bem... Teve a M. Eduarda que com certeza seria um dos seus maiores xodós na família...
Uma vez ao voltar do trabalho ela estava aqui em casa e fiz com ela aquela brincadeira de jogar pra cima como você havia feito comigo... joguei ela pra cima até meus braços formigarem e ela perder o fôlego de dar risada...

Teve também um mês antes da minha bebê a Sophia, veio com muita saúde e tem todo o amor que a família principalmente a irmã mais velha pode dar...

Sua mais velha não foge ao padrão de maluquice da família, e também está bem... sempre se preocupando com todo mundo e chegando até a sofrer a mais por culpa dessa preocupação toda... mas tentar mudar isso nela seria como tentar mudar toda sua personalidade não seria possível e nem faria dela a pessoa que ela é.

Enfim...
Nunca havia ficado suficientemente claro pra mim tudo o que aconteceu com você... e esses dias por ai pedi que minha mãe me esclarecesse melhor toda a história...

O que me deixou tão pensativo e com tanta vontade de te escrever veio da mistura de uma curiosidade, com o peso emocional das palavras de minha mãe... ao relatar toda a história eu ia pensando em cada um da família e traduzindo seus sentimentos para algo que eu pudesse compreender...

mas ao final, eu me pus principalmente no seu lugar... e disse pra mim mesmo "ele nunca teria uma vida normal..."
o que é muito triste, pois por culpa de um leve elo de fraqueza toda sua vida acabou sendo como foi...

o que me leva a pensar mais ainda a respeito de quão perfeitos a vida exige que nós sejamos... basta começar com um movimento errado, para que todo um caminho de dificuldades se abra como uma trilha de dominós enfileirados.

Gostaria que você soubesse que apesar de todo o sofrimento que sua partida tenha causado, a única coisa que prevaleceu em todos foi o carinho, e a lembrança de quão bondoso, alegre, e boa pessoa você foi.

Eu sei que essa carta não fará sentido nenhum para maioria das pessoas que virão a lê-la...
mas escrever não é questão de fazer sentido para todos...
é questão de fazer sentido ao menos para quem escreveu...


com Amor,
Heitor de Mendonça Batista