13 setembro 2012

La Ballerine...


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Ela era a melhor no que fazia... com suas formas esguias, vestidas de preto... cada movimento era um toque de perfeição.
Quase não suava, era tanta concentração que o corpo abdicava de certas obrigações naturais. Quando chegava ao fim de uma cena ficava lá, sólida e travada no meio de uma forma poligonal em riste!
Até que as luzes se apagassem e pudesse correr para sua próxima marcação.

Levava toda essa seriedade para dentro de casa... intolerante às fraquezas dos outros por defender que nela não havia nenhuma fraqueza potencial a ponto de poder te derrubar.
Frieza e calculismo faziam parte da porcentagem  racional que era esmagadoramente maior dentro de suas crenças pessoais.

Conheceu um homem alguns anos mais velhos que ela... mas antes que pudesse sentir raiva, repulsa e demonstrar algum desagrado com relação a ele, se apaixonou. Ele não era o oposto dela... idêntico tampouco.

Se parecia muito com ela, tinha o mesmo potencial intelectual e carinho pelas coisas... mas não tinha a disciplina para poder exercer o máximo de si próprio, não tinha filtros sociais, explodia com facilidade, quem andava com ele poderia dizer que era como estar ao lado  de um barril de nitroglicerina dentro de um trem...
por romper essa barreiras pouco  ligava para as impressões dos outros... trazia consigo uma paixão por tudo, que nada mais era do que fogo em palha de aço... Queimava em todo seu auge com verdadeira intensidade... mas se não alimentada, partia com a mesma violência com que chegava.

Ela nunca teve chance de tentar odiá-lo... embora rompesse seus próprios códigos de conduta, seu coração explodia o tórax na ardência da brasa que queimava em seu peito.
Brasa essa que ardia continuamente, e ao contrário do rápido incêndio que acontecia com ele, demorava muito até se apagar por completo. A grossa camada de cinzas que fica por cima pode até enganar aos que olham sem atenção, mas nunca engana quem já esteve ali, e sabe que por baixo daquilo tudo existe algo.

Enquanto seu fogo ardia, ele deu tudo de si para ela, até mais do que ela aparentava corresponder. E ela deixou queimar alimentando cada vez mais tudo que havia por dentro daquela casca escura e ríspida. Ele nunca mentiu pra ela, era totalmente honesto pois sua chama queimava além dos limites de sua barreira de censura pessoal.

Ela preferia "esconder" a realidade dos seus sentimentos pois não gostava de apostar em riscos incertos. Isso fez com que a chama que nele existia diminuísse, e em uma pessoa de paixões voláteis se a chama variar já é o suficiente para haver instabilidade.

Ela  já amava.

Ele também amou.

Mas dizer que amor é o suficiente, é uma ilusão de jovens e tolos que acreditam em fadas.
Ele precisava de mais que amor... amor não inflama.
Paixão inflama, e se manter apaixonado era vital para sua existência...

Ele partiu.


Ela era a melhor no que fazia... com suas formas esguias, vestidas de preto... cada movimento era um toque de perfeição. Mas já suava.

Após conhecer todos os poros de seu corpo agora explorado.

Agora tremia ao manter uma posição fixa.

O sorriso descia no  meio de cada ato.

E ao apagarem-se as luzes ela cai e simplesmente não se levanta mais.
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