"... Ouvia seus gritos, seu desprazer com a situação, via suas lágrimas escorrerem pelo rosto, via seu olhar vazio, sua infelicidade, sua vontade de sumir...
...ela que sempre foi a pessoa que mais me dava força, que acreditava e dizia que tudo que eu quisesse eu poderia alcançar com o devido esforço...
ouvia seu choro e as discussões não cessavam, ouvia os móveis sendo arrastados pela raiva do momento, ouvia utensílios quebrando no impacto com o chão, a parede,mas não fazia nada...
era jovem, não sabia explorar do poder de persuasão, não que fosse adiantar alguma coisa... nada adiantaria!
amigos iam lá pra casa ... e enquanto estávamos fechados no quarto jogando vídeo-game, os gritos e discussões aumentavam... me envergonhava... e fingia que nada estava acontecendo...
Ela chorava... nunca a vi chorar tanto... nunca havia sentido e nem nunca senti um ar tão pesado dentro de um ambiente... de mãos atadas só podia assistir, imóvel, sem reação ... ouvia mais um choro, porém de outra pessoa, uma ainda mais jovem que eu ... chorava em seu travesseiro ensopando a fronha e olhava pra mim esperando alguma palavra de consolo... meus olhos intactos... não podia chorar ou tudo desabaria, não podia reagir, simplesmente não podia fazer nada...
Estagnei, até que o momento chegou... fomos chamados a sala e sentados no chão de braços entrelaçados e mãos dadas, recebemos a notícia do que era inevitável...
e de novo o choro, ouvi o choro dela, ouvi o choro dele, ouvi o choro da pequena, mas não ouvi meu próprio choro... não chorei...
era um dia 26 de Março... 2 dias após meu aniversário... e não chorei...
apenas soltei o corpo e deitado no chão eu fiquei, meus olhos não enxergavam, e só o que sentia era a sensação de queda livre num abismo sem fim...
'ele vai embora dessa casa amanhã!'
a partir daquele momento amargurei... e no dia seguinte saímos de casa para que ele arrumasse suas coisas e partisse...
Saímos porque eles acharam que seria demais presenciar a cena da mala sendo feita...
como se tudo o que se passou antes não tivesse nos atingido diretamente...
...
e ele foi... a casa esvaziou... ela não conseguia dormir...
a pequena acompanhava ela para que conseguissem...
...Eu...
...bem... eu dormia no quarto... sozinho já que a pequena estava no quarto dela dividindo a mesma cama e ocupando o espaço daquele que partiu...
enfim a dor foi maior do que o peito podia suportar...
e não havia ninguém que eu devesse privar das minhas lágrimas...
e ali pela primeira vez nessa história eu Chorei..."
"...facing the day looking through these tears..."
...ela que sempre foi a pessoa que mais me dava força, que acreditava e dizia que tudo que eu quisesse eu poderia alcançar com o devido esforço...
ouvia seu choro e as discussões não cessavam, ouvia os móveis sendo arrastados pela raiva do momento, ouvia utensílios quebrando no impacto com o chão, a parede,mas não fazia nada...
era jovem, não sabia explorar do poder de persuasão, não que fosse adiantar alguma coisa... nada adiantaria!
amigos iam lá pra casa ... e enquanto estávamos fechados no quarto jogando vídeo-game, os gritos e discussões aumentavam... me envergonhava... e fingia que nada estava acontecendo...
Ela chorava... nunca a vi chorar tanto... nunca havia sentido e nem nunca senti um ar tão pesado dentro de um ambiente... de mãos atadas só podia assistir, imóvel, sem reação ... ouvia mais um choro, porém de outra pessoa, uma ainda mais jovem que eu ... chorava em seu travesseiro ensopando a fronha e olhava pra mim esperando alguma palavra de consolo... meus olhos intactos... não podia chorar ou tudo desabaria, não podia reagir, simplesmente não podia fazer nada...
Estagnei, até que o momento chegou... fomos chamados a sala e sentados no chão de braços entrelaçados e mãos dadas, recebemos a notícia do que era inevitável...
e de novo o choro, ouvi o choro dela, ouvi o choro dele, ouvi o choro da pequena, mas não ouvi meu próprio choro... não chorei...
era um dia 26 de Março... 2 dias após meu aniversário... e não chorei...
apenas soltei o corpo e deitado no chão eu fiquei, meus olhos não enxergavam, e só o que sentia era a sensação de queda livre num abismo sem fim...
'ele vai embora dessa casa amanhã!'
a partir daquele momento amargurei... e no dia seguinte saímos de casa para que ele arrumasse suas coisas e partisse...
Saímos porque eles acharam que seria demais presenciar a cena da mala sendo feita...
como se tudo o que se passou antes não tivesse nos atingido diretamente...
...
e ele foi... a casa esvaziou... ela não conseguia dormir...
a pequena acompanhava ela para que conseguissem...
...Eu...
...bem... eu dormia no quarto... sozinho já que a pequena estava no quarto dela dividindo a mesma cama e ocupando o espaço daquele que partiu...
enfim a dor foi maior do que o peito podia suportar...
e não havia ninguém que eu devesse privar das minhas lágrimas...
e ali pela primeira vez nessa história eu Chorei..."
"...facing the day looking through these tears..."
2 comentários:
Muito bom!!!
E sutil...
É...
Aqueles episódios que se pudessemos deletariamos da nossa memória.
Quem não tem?
Ficou foda, muita coragem pra escrever E PUBLICAR [!] sobre isso.
Eu mal falo nesses assuntos, que dirá escrever sobre.
=X
E o sentimento do dia não foi o ódio! Foi a angústia!
(uma mão bem grande apertando meu coração!)
Beijo!
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